segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Meu jeito chuchu de ser

O tempo se esfarela como uma broa de polvilho. No porvir se misturam a esperança e o medo. Melo os dedos em pequenas porções de lucidez mas têm cheiro de queimado as referências e as memórias, só mastigo restos defumados de uma coragem morna. Em banho Maria os fatos sucedem sem sucesso. Tropeços me fazem ver no chão a possibilidade de uma semente. Não me animo.  Só me levanto em febre alta, pulo na cama, minha mente  voa, minha alma se perde.  E aí tostam mais e mais valores meus! Derramei algumas lágrimas esses dias. Muito sal. É muita pressão, muita autoestima baixa. Não sei por que não chamar de baixa estima de uma vez. É só pra cozinhar o nosso fracasso, pra amornar a nossa derrota, pra adoçar o nosso flagelo. Não estou em depressão, só estou destemperada. Só. Sozinha não faço muita coisa. Sou insossa. Nem a minha fragilidade é intensa. Temo pelo hora em que tiver que colocar a tampa na vida. Pra que eu servi?! Quantas ações eu alimentei se a minha fome de vida beira a anorexia?! Decidi então fazer uma sopa. Bem quente e de letrinhas, pra ver se encontro explicações. Nada mais adequado para este meu estado doentio. Peguei todos os meus restos, misturei com a água salgada das minhas lágrimas e cozinhei naquela febre assoladora. Pronto. Pensava que acordaria melhor, pronta para digerir o cotidiano, para mastigá-lo com apetite voraz, pensei que poderia saborear os dias. Acordei salivando. Era ânsia. Vomitei. Nada me cai bem. Nem a sorte nem o azar, a tristeza ou alegria, a saúde ou a doença.  Além de insossa sou intolerante – a mim mesma-. Me boicoto a todo momento, quando decido cuidar de mim, é aí que me enveneno. Lá no fundo vibro quando me vejo respingada dos meus próprios restos, abraçada na louça rosa antigo daquele banheiro fétido. De qualquer maneira, sempre estará na minha testa que sou uma infeliz. Sou a fuça da derrota.  Mesmo assim enfrento, ainda que com as pernas trêmulas, o mundo e as pessoas. Engulo meu orgulho intragável para tentar conviver com os insuportavelmente sorridentes e humildes, com as personalidades evangélicamente exemplares, com os sempre-diponíveis, com os que, no fundo, não se suportam. Eu sei lidar comigo, aceitei a minha condição de chuchu existencial. Eu sei o gosto –de nada- das minhas escolhas. Eu já me acostumei em viver sem mesa posta, sem a consistência das minhas atitudes, sem o frescor de acordar em paz, sem aproveitar a polpa das oportunidades. Essas maçãs lustrosas que vivem me tentando a ser como elas foram alteradas socialmente. São conservadas em grandes câmaras de frieza disfarçada de vida saudável, foram encaixotadas com cuidado para não perder o brilhante status, estão protegidas em redomas se cinismo para evitar que a verdade os contamine. Embrulhadas em sonhos comprados, elas seguem expostas por aí dando água na boca de gente como eu. Até que, quando finalmente abocanhamos a suculenta felicidade, ou ela vem bichada, os nos quebra um dente, ou não tem o sabor esperado. Insossa. Como eu! Tudo farinha do mesmo saco! Então pra quê tanto esforço se os finais são os mesmos?! Só muda o modo de preparo. Por isso eu peço que me deixem aqui mascando eternamente a minha mediocridade verdadeira que as poucos vai cariando toda minha alma. Não arranquem de mim a certeza da podridão. Não me obriguem a mostrar os dentes. Meu hálito fede à carência, assim como a existência crua de vocês! E nem tentem me aceitar! Não quero viver entreverada nessa salada de egos!

Agora bata isso tudo no liquidificador de opiniões, coloque em uma forma para não fugir dos padrões, asse durante toda a vida em fogo brando para não queimar o seu filme. Antes de servir polvilhe com as cinzas dos seus ideais. Está pronto. Ninguém vai descobrir que você esta estragado como eu!

(se eu tiver que explicar que alguns textos deste bróg, inclusive este, são "fiquitícios", fecho as portas!!!)

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Receita pra encher linguiça

Eu não descasco o tomate nem descarto as sementes. Também não descarto os talos de salsa, nem o miolo do alho. Gosto de cebola al dente e de massa também. Arrozes me fascinam, do branco ao japonês. Feijões também. Carne bem passada. Café mais pra forte do que fraco, mais leite. Três colheres de açúcar, não o refinado, nem adoçante. Bolo batumado é o que há. Bolo quente batumado com leite gelado. Leite puro. Não recuso a nata. Nescau, mesmo o 2.0, cansa. Torta de bolacha, chico balanceado, sagu com creme, pudim sem cheiro de ovo, por favor! Negrinho de panela com as gurias. Batida de abacate. Detesto semente de mamão. Melão fede! Goiaba dá saudade dos meus gatos, se é que vocês me entendem! Bergamota também fede mas eu sou gringa, amo a azedinha! Não condeno o miojo. Amo espinafre. Pimentão dá azia mas eu não me importo, é só tomar leite. Chuchu vale, pelo menos pra mim que não tomo dois litros de água por dia. Suco Naturale do Zaffari e o de bergamota da minha mãe. Lima é o poder! Cítricos em geral me fascinam. Abacaxi só in natura, detesto seus derivados. Morangos hidropônicos. Maionese caseira. Bacon. Ervilhas. Aspargos. Milho na praia. Churros na rua. Sopa de agnoline em casa. Agnoline não é capeleti. Pizza em qualquer lugar. Chimarrão mundo afora. Tô largando o refri. Queijos uruguaios, argentinos, serrano, da feira...Salame é um tabu. Salsicha nem pensar. Mortadela apimentada. Guisado, costela, ossobuco, carne do feijão. Iniciando nos peixes mas não encaro camarão e os benditos frutos do mar. Yakisoba. Purê de batatas. Aipim. Azeitonas. Alfaces, rúcula, agrião. Manjericão, louro e alecrim. Castanhas, nozes, damasco. Pinhão em todas as suas performances. Sapeco é ritual com vinho, fogueira e tudo. Comer faz bem pro espírito. Cozinhar também. Escrever, nem se fala! Acho que bebi demais! Desculpem a gordice!

Sonsa

Tava aqui pensando que até acho bom que as pessoas me achem sonsa, sabe! Porque na real eu meio que tenho cara de abobada mesmo! Mas eu acho que é só a cara e o jeito de andar! O que eu mais curto é quando alguém tenta me pescar e eu saco na hora. É tão legal ficar jogando com a soberba dos outros!!! Minha intuição é a coisa mais forte, verdadeira e poderosa e olha, ela nunca falhou! O sensor sempre detecta os impostores, os impositores, os propositores, os infratores, os infelizes, incansáveis e inconvenientes julgamentos! Eu gosto de ficar aqui, na minha insignificância, olhando a arrogância e a prepotência tentando achar pelo em ovo! Acho que essa postura que adotei até facilita pra não guardar mágoas porque o que eu acabo sentindo na real é pena...e vergonha alheia. Estou vivendo uma nova fase da minha vida e em um meio em que eu não era habituada, é normal que apontem o dedo, que não aceitem, que tentem me boicotar e até, olha só, deem tapinhas nas minhas costas e depois me apunhalem, mas eu realmente acho isso ótimo porque, aos poucos, vou conhecendo o lado negro de cada um sem nem precisar provocá-lo. Seleção natural, saca?! As pessoas gostam de se armar, de se proteger, se fechar, de pensar que o ataque é a melhor defesa e de tão bitolados nem se dão conta que estão cavando a própria cova! Não to me fazendo de vítima, to é me fazendo de desentendida mesmo que é pra ver se eu entendo alguma coisa! Eles passarão, eu passarinho. Eles multidão, eu no meu cantinho!
E aí?! Aí que eu passei uns 20 dias afastada desse mundo internético e meus dedos digitantes calaram! Ficaram estarrecidos com o que se passa num hospital, aprenderam a mensurar melhor o valor da vida, deram os 'primeiros passos' pra abraços confortantes, surpreenderam-se com o carinho das pessoas e com o desdém de outras. Meus dedos tinham vontade de me fazer vomitar as vezes. Era muita coisa junta e intensa: doença, saudade, ambiente inóspito, solidão, frio, calor, nervosismo, choro, alegria, fé...meus dedos apontavam pra cima e pediam paz e saúde, só! O resto a gente dá um jeito, cutuca aqui, aperta alí, mexe acolá e as coisas vão acontecendo. Pobres dedinhos, o susto foi tão grande que eles esqueceram o que tinham pra escrever, olhavam pras teclas mas não tinham coragem de se atirar, não tinham fôlego pra pular de consoante em vogal, de acento pra vírgula, tudo era delete até que desistiram de tentar. Conversaram entre si, fiz as unhas pra ajudar, e resolvemos que só voltaríamos a escrever quando nos sentíssemos todos a vontade. Então hoje, depois de limpar o jardim, de cuidar da minha mãe, do meu namorado gripado, da casa, de pegar uma gripe, de ter visto o esforço de enfermeiras e médicos, de conhecer o drama de outras pessoas, de dar mais valor ainda às coisa simples e a à minha família, de ter certeza de quem são as pessoas com as quais posso contar, e de sentir esperança na humanidade é que voltamos -aos poucos, é claro- para este ambiente que nos rouba o olhar. Meus dedos me apontaram tanta coisa diferente lá fora, fizeram eu me tocar, de uma vez por todas de que issáqui é uma ferramenta e não uma parte de mim, que isso aqui é sério sim, é importante sim, mas não é tudo. Eu descobri que tenho dedos sensíveis e que eles tem vida própria. Logo eu que os escravizava com meus dizeres as vezes intolerantes, as vezes raivosos, vezes desacreditados. De agora em diante, como boa gringa que sou, vou deixar os olhos e o coração na ponta dos dedos e sentir física e verdadeiramente as coisas antes de escrevê-las -mesmo que eu leve um choque! 

Meus dedos repórteres, direto de mim, que não perco a mão!

Oração indefinida

O tempo é substantivo subjetivo. O amor é pronome demonstrativo. Possessivo é aquele que não aceita variáveis pra explicar a sintaxe do sentimento! A língua que me desculpe, mas não posso deixar o coração sair pela boca, por isso escrevo como bem entendo aquilo que não sei explicar!

Safra de inspirações

Mas que delicia é ver a água e o vinho transformados em ninho
Onde as almas, em redemoinho, celebram o ar que respiram
Mas que desalinho, eu aqui falando de orgias, outros aí em ostras, vivendo mesquinhos! 
Quero todos aqui provando deste licor que sossega meu ardor, que me ascende o amor,
Que empresta às bochechas el color.
Rosé, Malbec, Cabernet, o que queres?!
Escolha ser livre e eu te ofereço um Carménère!

Amparados na videira, esperançosos na vindeira, debruçados nas colheitas!
Os dias se vão sem levar o senão, as horas fogem sem ninguém que se importe, a vida segue sem que eu sossegue. Vão-se os ventos apressados a recolher historias como a minha, vão-se os dedos, os anéis, os amigos e amores, joias raras que eu tinha. Do valor exacerbado que punha nos momentos só me sobraram as tristes lembranças de desilusões e lamentos. Tenho essa mania, observo com miopia cada um e todos, suas atitudes e esforços, suas fraquezas e louros. Quero consertar o mundo, reverter o rumo daquilo que me cerca. Quero, como um cão que persegue a cola, modificar o estabelecido, questionar a norma, o normal, o morno, a forma. Pareço sozinha nesse redemoinho que me faz pequenina frente a tanto desalinho! Procuro paz em turbilhão.
Mas que estúpida conclusão!
Te amar me areja, me afrouxa, me desincha, me desmancha! Me derreto porque te amar me livra de todo mal, amém. Amem como eu o amo e receberão o reino dos céus onde os pássaros voam livremente para embelezar nosso azul, onde as nuvens confortam o infinito, onde tudo é possível em desenhos inventados. Inventei um novo eu quando em mim despertou teu amor, comecei a me emocionar com as formigas caminhantes nas paredes, chorar de emoção no carnaval, levar a sério sonhos pequenos e desdenhar ambições audaciosas. Gostava de colorido mas uma casa branca tem todas as cores que eu posso imaginar! Verde ficam meus olhos sempre que estou chorando, doente, emocionada, feliz; castanhos quando tu demora pra ir deitar; quase pretos sãos os teus, índio vermelho que contrasta com a minha palidez ítala. Tá lá na nossa história tudo que a gente inventa todo dia, nosso enredo costurado com as tripas do coração, nossa narrativa cotidiana rica em detalhes quase arabescos, nosso ritmo marcado pelo vaivém de situações contornadas com as nossas canetas coloridas, nossas vírgulas são domingos inteiros de conchinha na cama, nossos pontos são sempre positivos. Mais do que queria querer é dividir a vida com alguém que multiplica alegrias por todos os lados, alguém que contabiliza sorrisos por onde passa, alguém que eu não creditava que somaria a mim a ponto de me subtrair o ar quando nos meus lábios deposita os seus. Sois aquilo que me inspira, que me altera, que me modifica, me liquidifica, que ludifíca a vida com pouco mais que um violão. Voilá! Até as línguas que tu falas me fazem calar diante do teu discurso! Diz sempre que as coisas vão dar certo e do nada soluciona os problemas mesmo quando eu resolvo contestar. Testa meu limites todos, meu fôlego aleijado, minhas pernas encurtadas, meus braços fracos, meus seis rasos, meu pensamento solto. Presa nesses sentimentos todos me liberto de outros que me trariam dor. Arderão sempre alguns espinhos que possam ter nas rosas que tu me traz, mas eu me nego a ignorar as pétalas perfumadas que caem no meu colo enquanto agradeço o teu agrado. Guardo cada gesto teu na minha retina torta e míope que vê o mundo torto, exatamente como o meu andar que tu tanto debochas. Até bocha jogamos um dia e eu perdi porque não soube mirar, mas acertei em cheio quando te encontrei. Me perco quando começo a escrever sobre nós e tudo parece mais do mesmo, piegas, cafona, sem sentido. Sinto em não poder expressar, mas desde que eu parei de desenhar, tento outra forma de me vazar mas as tentativas escorrem pelos dedos já sem coordenação alguma. Nenhuma vez foi diferente, sempre igualmente tosco. Troco dislexicamente as palavras de lugar, os cantos das frases, as janelas da imaginação, a mobília do vocabulário e mesmo assim parece que tu sempre me entendes. Como consegues?! Brincas comigo ou és tão genialmente sensível que consegues absorver a essência desse meu alfabeto-quebra-cabeça?!  Bença amor, vou me deitar. Olhos verdes, tu os quer?!  

O tempo é subjetivo

Aquele momento em que as pessoas perguntam “há quanto tempo vocês estão juntos?!”, ~como se isso desse credibilidade ao relacionamento!~ e a gente nunca sabe o que responder. Porque também não sabemos exatamente. Até hoje não nos pedimos em namoro. Até hoje ninguém convidou ninguém pra morar junto. Até hoje não institucionalizamos nada e, no entanto, dividimos todos os dias e noites, todas as refeições, banhos, hora da leitura, da TV, da música, do trabalho, do passeio, da vida. Até hoje a gente se ama desde aquele longínquo dezembro. Um dezembro reservado ao contato físico, pois o virtual já existia há tempos. O ano?! Não lembro. Sei que era dezembro porque é o meu mês favorito desde que nasci no seu sexto dia. Se eu responder que estamos juntos desde que nasci vai parecer pedofilia ou loucura. Mas é a verdade. Não tem nada dessa pieguice de almas gêmeas, nossos destinos foram traçados na maternidade, escrito nas estrelas, nada disso! Eu só acho que minhas experiências de vida, minhas escolhas, minha criação, meus valores, minhas opiniões, minhas teimosias e meus planos não poderiam ser compartilhados com ninguém que não fosse ele. As tardes de chuva olhando os pingos na janela com o meu nono, a infância na chácara, no mato, no rio, na casa da vó, os livros que eu li, as coisas que escrevi, as músicas que me emocionaram, os quadros que me revelam, as fotos em que me escondo, tudo isso, todos os meus 26 anos de vida, culminaram nesse momento de graça que hoje eu vivo! Não poderia ser diferente! O tempo é subjetivo quando tudo é mágico! Lá em casa não tem relógio, apenas fotos e é assim que fazemos a nossa linha do tempo. Lá em casa não tem obrigatoriedade de definições, só a liberdade de ser. Na nossa casa não tem perguntas, nem respostas, só tem escolhas! É uma casa muito engraçada, não tem cobrança, não tem nada! Quando as pessoas despertarem pro amor verdadeiro, saberão que não há tempo pra se perder com convenções, com milindros e com satisfações! A vida é urgente e eterna em cinco minutos!
É tããão bom encher a boca pra dizer: eu segui meu coração! Tenho muito orgulho das minhas escolhas e renúncias. Eu provei pra mim mesma e pra quem quisesse ver que eu estava certa em deixar o sábio tempo agir! Não há sensação melhor no mundo do que a paz interior! Até cheguei a me sentir culpada, achando que estava mesmo errada, tamanho era o julgamento das pessoas, mas confiar e rir de si são essenciais neste processo de descobertas! Ufa! Valeu a pena! Hoje eu tenho a vida que eu escolhi, com pessoas que eu acredito e com uma constante renovação de conceitos. A vida é movimento! Eu fiz dela um moinho!

Ele é meu

Ele é meu. Não minha propriedade. Nada disso. Ele eh minha escolha, minha escola, meu colo! Eh meu porque gosta de girafas e hipopótamos, de carros antigos e aviões, de dança e poesia. Meu porque combinamos que somos diferentes! Meu porque esta do meu lado, no meu time, na minha turma, minha urna. Me escolheu, me acolheu, me viciou, me curou, me apresentou ao meu eu! Meu! Eu gosto de apontar e dizer: oh, eh meu! Ele aceita, ele sabe, ele gosta, ele, mesmo sem se dar conta, faz de tudo pra ser meu. Ele sorri, ele canta, ele escreve, ele me acaricia enquanto em (finjo) que durmo e também me cobre. Ele existe. Ele respira. É só isso que ele precisa fazer. Enquanto ele suspirar sei que ainda é meu. Meu professor, meu xama, meu mestre, meu aluno, meu vício, minha virtude, minha verdade, meu amigo, meu incentivador, meu orientador, meu amor, meu florista, meu jardineiro, meu poeta, meu vingador, meu super herói, meu anjo, meu demônio, minha referencia, meu chorão, meu entusiasta, meu critico, meu animador, meu destruidor, minha construção, minha conquista, meu descobridor, meu companheiro, parceiro, adversário, apaziguador e, o que muitos gostam de gargantear, meu pai, por que não?! Ele é tudo que desperta em mim! Meu porque eu sou dele! Nós somos nossos! O tempo é nosso, os caminhos, as vitórias, os tropeços, as dificuldades, as verdades, os segredos, as canções, as porções, o todo. Nós somos tudo que quisermos! Nós somos de quem nos quiser (bem). Nós somos bem nossos! Eu e ele, da vida, do amor e da felicidade. Porque assim a gente escolheu, ele e eu!
Eu morro de saudade dos meu gatos! Nesta casa não podemos ter gatos! O gato preto da rua não me dá bola mas sempre vem sorrateiramente comer as migalhas da toalha do café! Poucos amigos daqui tem gatos! Neste bairro não há cães de rua, apenas os comprados/penteados/perfumados que passeiam asquerosamente com seus donos e mijam no nosso portão! O zoológico é longe e não me deixam abraçar as girafas! E não tem elefantes! Porcos só tenho vista em forma humana! Vacas, bom...Muitos cavalos sofrendo em carroças nas ruas e em dia de frio e chuva eu choro! Cortaram os galhos da árvore e os pássaros não nos acordam mais. Dizem que tem uma cobra lá no terreno dos fundos. Todo mundo vê ratos no Zaffari, menos eu! Pareço uma retardada nas casas de amigos com labradores e/ou dálmatas e/ou vira-latas. Não sei se tenho causado boa impressão! Eu só queria um bichinho lambão!
Vivemos a sociedade do 'mais ou menos'. E isso é mais ou menos ruim e mais ou menos bom. Os serviços, em sua grande maioria, são bem mais ou menos. Geralmente menos. Menos qualidade, menos sinal, menos atendimento, menos respeito, menos saúde, menos vontade! Mais cobiça, mais ureia, mais preconceito, mais alienação, mais impostos, mais roubalheira. E nós reagimos mais ou menos. Mais resmungando na frente da tv ou do pc, menos fazendo algo efetivo. Mais preocupados se foi o nosso carro roubado, menos preocupados se foi o do cara da rua de trás. Mais irritado com os problemas da nossa rua, menos importante se tem bueiro aberto na outra quadra. Mais fácil jogar o papel da bala no chão do que abrir o nojentinho conteiner do seletivo disposto a menos de um metro de você. Mais vale estar com uma roupa descolada e uma tatoo Hare Krishna do que falar e julgar menos e ponderar e aceitar mais. Muito mais hipocrisia, muito menos humildade! É mais ou menos assim, entendem?! A gente nunca se envolve com as questões 'gerais'. A gente nunca se auto-analisa, nunca se pergunta, nem nunca se responde. Talvez porque sobraria menos tempo pra ensinar seu filho a chutar cãezinhos, talvez porque tenha mais o que fazer. Porque tem que badalar e aparecer mais e introspectar menos. Mas tem a parte 'mais boa'. A parte em que as coisas não precisam de rótulo, bula, conceito, nomenclatura. Apenas são. Se eu prezo a gentileza, o bem, o respeito e a coletividade, as escolhas saudáveis, o respeito à natureza, aos animais, aos mais velhos e a humanidade em geral, se eu uso uma eco bag, uso açúcar mascavo ou gosto de saias longas e floridas, cabelos crespos e revoltos, não quer dizer que eu seja hippie. Nem mais, nem menos. Eu apenas quero viver em plena harmonia. Se eu gosto de olhar as estrelas, conheço as constelações, sinto as mudanças de fase da lua, sei olhar o céu e saber se vem frio ou chuva não quer dizer que eu sou bruxa nem que eu curto astrologia. Nem mais, nem menos. Eu só aprendi a contemplar e guardei alguns códigos de entendimento. Se eu gosto de acender um incenso e algumas velas, colocar uma música e deitar no chão pra relaxar, não quer dizer que eu sou budista, xamanista, macumbeira, maconheira. Nem mais nem menos. É o meu jeito de descarregar as energias. E seu eu acredito em energia não significa que eu sou burra e que só a ciência é real e bla bla bla. Nem mais, nem menos. Eu só tive experiências com diferentes níveis de fluidez de energia e tive a sensibilidade de perceber. Se eu assisto novela de vem em quando, se eu morro de dar rizada assistindo teste de fidelidade e faço check in em casa, não quer dizer que eu seja uma alienada, uma sem cultura, uma xaropona. Nem mais, nem menos. Eu só quero dizer que as vezes é bom pensar menos e rir mais. E se eu digo que é bom pensar menos, eu não estou abrindo mão da militância. Nem um, nem outro. Nem mais e nem menos. É só porque eu não consigo criticar tudo o tempo todo. E caso eu seja apaixonada por Melissas, não quer dizer que eu sou uma patty consumista. Eu só tenho ataques de mulherzinha. Caso me vejam de alpargata, eu não namoro um ginete, não participo de invernadas nem sou hipster. Eu só quero conforto pros meus pés. Então, sem mais nem menos, percebi que não adianta mensurar algumas coisas. Os valores não são iguais para todos e contabilizar isso daria mais frustração e menos esperança. Falar menos, fazer mais. Escrever mais, confundir menos. Entenderam?! É mais ou menos isso!
Os dois amam arroz, carrinhos de hotel, nescau com leite quente, batida de abacate! Ela aprendeu com ele a comer peixe e tomar mate! Ele gosta de como ela sorri, dos livros que lê e da camiseta do Che! Ela compra coisas desnecessárias e ele inventa o que fazer! Eles se parecem tanto, diferente do que os outros pensam! Eles definitivamente se amam!
Faxinei. Branqueei as roupas com anil. O varal e novo. Reformei a estante. Trarei meus livros. Colocarei cortina. Providenciarei uma cafeteira. Sonho com a torradeira que faz o pão feliz saltar no meu desayuno. O incrível sofá rosa antigo se impõe na sala. As janelas limpas tem vista para o quintal dos fundos. O quintal dos fundos. Castanheiras. Plantei um jasmim. Espero a salsa germinar. Os manjericões lotam o canteiro. Ganhei um cactus. Cenário perfeito para formar uma família. Em breve adotaremos um gato. Só falta uma caixa de papelão.
Baixa a cabeça e trabalha, levanta os olhos e ama. Abre a mente e cria, escancara o coração e aceita! Faz tudo porque acredita! Suspira, canta, escreve e levita!!!

Puro interesse

Quero informar que a partir de hoje só vou agir por interesse. Só vou me relacionar por puro interesse. Interesse nos abraços sinceros, nos sorrisos cheios de dentes, nos olhares luminosos, nas parcerias de sangue! Quero sair sempre ganhando amor, carinho e compreensão. Quero ter tudo do bom e do melhor, os melhores amigos, as melhores festas, as melhores pipocas, os bons e velhos filmes no sofá, e as boas gargalhadas de uma tarde de sol. Quero esbanjar saúde, harmonia e paz!!! De agora em diante será assim e não há nada, nem ninguém, que me faça ser diferente!!!